Suicídio é um tema que mexe. Mexe com crenças, com preconceitos, com emoções – com afetos. Escrevo, então, para fazer um convite: refletir sobre como o suicídio permeia o nosso dia a dia.
O suicídio não está só nos manuais médicos ou nos discursos dos profissionais. Ele está permeando as muitas referências que encontramos ao longo da vida.
Ele está presente em clássicos da literatura como Os sofrimentos do jovem Werther, ou em livros de diferentes áreas como história, ciências sociais ou filosofia. Músicas que tratam direta ou indiretamente do tema também não faltam, Jeremy do Pearl Jam é um dos exemplos máximos. O cinema não ficaria de fora, dos que abordam o tema eu destacaria o filme Miss Violence (2013) e um ainda em cartaz: Loucas de Alegria (2016), corre que ainda dá tempo. O atravessamento entre o suicídio e o campo das artes é grande, todas essas referências nos ajudam a pensar o suicídio, que serviu e continua servindo como disparador para produções das mais diversas.
O suicídio também é recorrente nos jornais e periódicos e quando menos esperamos estamos debatendo essas mesmas notícias em uma conversa de bar ou em um jantar em família. Ainda, menos incomum do que imaginamos, é quando nos deparamos com o tema diretamente, seja a partir de algo que ocorre com um conhecido, um vizinho, uma pessoa próxima, um parente.
Ótimas referências para quem busca dados e estatísticas sobre suicídio no mundo e no Brasil, a Organização Mundial da Saúde e a Associação Internacional para Prevenção do Suicídio são fontes que não devemos ignorar. Responsáveis pela organização do dia 10 de setembro como o Dia Mundial de Prevenção ao Suicídio, elas servem como parâmetro para políticas públicas e ainda possuem manuais com informações que interessam não só ao profissional da saúde, mas também à população em geral.
Portanto, é chegado o momento de trazer o tema do suicídio para o campo da vida, para além do campo da loucura, do estigma, da medicalização ou da punição, é preciso que lancemos diferentes olhares para o suicídio. Afinal, para trabalhar um tema tão complexo, e que mexe tanto, é preciso que nossas perspectivas sejam múltiplas. Somente na multiplicidade dos olhares é que poderemos refletir e nos debruçar sobre esse assunto e dar – ao menos em parte – conta de lidar com o suicídio.