A presidência e os atos falhos.

Essa semana, a ministra do planejamento Miriam Belchior, foi dar uma entrevista sobre o orçamento de 2014 e no meio da entrevista chamou a presidenta Dilma de Presidenta Lula. OPA! Seria isso um ato falho? Vamos ver o que Freud diz sobre atos falhos e ‘trocas’ de nomes:

“Em nosso afã de recuperar o nome perdido, outros – nomes substitutos – nos vêm à consciência; reconhecemos de imediato que são incorretos, mas eles insistem em retornar e se impõem com grande persistência. Minha hipótese é que esse deslocamento não está entregue a uma escolha psíquica arbitrária, mas segue vias previsíveis que obedecem a leis.”

Pois bem Miriam Belchior, não vale ficar aqui interpretando o que você quis ou não dizer com seu ato falho – deixo esse papel para seu analista –, mas é Freud que escreve que quando um nome substituto vem à mente, a escolha desse nome não é ao acaso, mas existe um motivo para esse nome estar lá.

Enfim, depois de ler a notícia, fiquei curioso e me perguntei se era a primeira vez que isso acontecia: atos falhos quando o assunto é presidência. E após uma breve pesquisa acabei me deparando com algumas situações.

Para tranquilizar Miriam e o acontecimento dessa semana, não foi a primeira vez que trocaram o nome da atual presidenta pelo do antigo presidente, encontrei essa noticia aqui, na qual o governador do Rio, Sérgio Cabral, faz isso em 2011.

Já no mês passado foi Joe Biden, o atual vice-presidente americano, que cometeu o ato falho. Ele trocou o nome do seu cargo, intitulando-se “orgulhoso de ser o presidente dos EUA” durante um discurso. Temos o ato falho registrado nesse vídeo.

Para completar, nem o presidente Obama ficou de fora, em 2012 não trocou o nome nem o cargo de ninguém, mas o tempo verbal da sua presidência, falando em um debate: “…quando eu ERA presidente dos EUA”. Tá aqui o vídeo.

Ou seja, já trocaram o nome, o cargo e o tempo verbal da presidência…

Mais do que compreender e interpretar cada um desses lapsos, vale a reflexão de que em algum momento algo escapará do nosso controle e isso nos permitirá ter acesso ao inconsciente. Como Lacan escreve: “[…] está claro que todo ato falho é um discurso bem sucedido, ou até espirituosamente formulado […]”.

Afinal, o ato falho diz muito sobre nós, e em análise clareamos as vias escondidas sobre as quais ele aparece no nosso discurso.

Se alguém lembrar mais algum ato falho relacionado à presidência, podem adicionar à lista!

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