11 de setembro de 2013: Bradley Ballard, americano, negro, 39 anos, morre em um hospital.
Ballard era um interno da prisão de Rikers Island, nos EUA, e foi levado para o hospital após ficar 7 dias preso em um cela, sozinho. Seu comportamento para sofrer essa punição: após algumas horas olhando para uma funcionária, empurrou na direção dela uma camiseta que havia enrolado no formato de um pênis.
Ballard tinha o diagnóstico de esquizofrenia.
A partir desse ato, o que se seguiu foi uma sucessão de desastres por parte dos responsáveis. Cortaram a água de sua solitária, deixaram de visitá-lo, pararam de medicá-lo. Quando outros internos iam levar comida à sua cela, cobriam o nariz pelo cheiro forte que emanava do lugar. Apesar de a lei local determinar que ele precisaria de um mínimo de 2 visitas por dia de uma equipe de saúde, recebeu apenas uma ao longo dos 7 dias.
No dia 11 de setembro, quando foi levado ao hospital, estava nu, coberto de fezes e com uma tira elástica envolta de seus genitais. Morreu no mesmo dia.
Não é à toa que escolhi esse tema, dia 18 de maio foi o Dia da Luta Antimanicomial. Ballard é só um dos tristes exemplos de que exclusão, segregação e isolamento não são tratamento.
Cesarotto e Márcio Peter escrevem:
“Mais que tudo, a loucura revista pela psicanálise, e particularmente por Lacan, operou um efeito de reordenamento ético, pois a loucura foi e sempre será, […] um questionamento global de tudo o que é humano e talvez seja a indagação mais profunda sobre a liberdade e o sentido da existência.”
Uma indagação que sempre foi difícil de ser feita e talvez por isso a loucura até hoje esteja cercada por muros. Lutar contra isso deve ser um posicionamento ético, não só do analista ou do profissional que trabalha com saúde mental, mas da sociedade.
Por uma ética que inclua a diferença. Uma possível lição que podemos tirar do 11 de setembro, tanto o de 2001, quanto o de 2013.